terça-feira, 6 de novembro de 2007

WICCA e DRUISDISMO/ As 8 Cerimônias Anuais Druídicas





Wicca e Druidismo




Diferenças e Semelhanças





"O druidismo é uma religião politeísta, isto é, honramos diversos deuses e deusas. Não existe o conceito de deidade única, mas temos a Natureza como sagrada e mãe de toda a vida, embora ela não seja uma deidade específica, ela é a fonte de toda a vida, de onde tudo veio e para onde tudo vai, inclusive os deuses e deusas."


Para melhor traçar as diferenças e semelhanças da wicca e do druidismo, vamos examinar alguns detalhes de ambas as religiões:


Origens da Wicca:A wicca surge nos anos 1950, fruto do gênio criativo de Gerald Gardner e com algum elemento celta não por herança, mas por referência. Essa influência celta da wicca se deve em grande parte à amizade entre Gardner e Ross Nichols (criador da O.B.O.D.) à época em que ambos eram membros da A.O.D. (Ancient Order of Druids) na Inglaterra. A origem da wicca é essa, fácil de traçar porque recente.


Origens do Druidismo:Depois de muita influência de ordens semi-maçônicas da Inglaterra nos sécs. XVIII e XIX, o druidismo de então era uma mescla de entidades filantrópicas, sociedades secretas e clubes de cavalheiros. Num dado ponto, ao final do séc. XIX, existiam centenas de ordens que se entitulavam 'druídicas' sem ter nenhum conteúdo propriamente 'druídico'. Na década de 1960, Ross Nichols será o responsável pela grande mudança ao deixar a A.O.D. e fundar a Order of Bards Ovates and Druids (O.B.O.D.), dando muito mais ênfase aos aspectos mágicos e celtas. Naquela época, as muitas descobertas arqueológicas, antropológicas e etnográficas das crenças e práticas dos antigos celtas permitiram resgatar muitos elementos originais da espiritualidade celta a tantos séculos perdidos.
Até aqui, o que ambas têm em comum? Elementos celtas e o fato de terem sido estruturadas no século XX, além de serem fruto de um intercâmbio entre dois amigos 'ocultistas'.
Até aqui, o que ambas têm de diferente? A ênfase na magia cerimonial da wicca e a ênfase no resgate da espiritualidade celta do druidismo.


Crenças e práticas da Wicca:Gardner apresenta a wicca como "o resgate da religião celta que havia sobrevivido oculta no interior da Inglaterra, transmitida oralmente por famílias de bruxos". Para criar esse "mito", Gardner mescla diversos ingredientes:
1. os cunning-folk, bruxos tradicionais do interior da Inglaterra que transmitiam seus conhecimentos de forma fechada e fazendo magia "positiva";


2. os rituais sazonais celtas (apresentados a Gardner justamente por Ross Nichols nos anos da A.O.D.);


3. as teorias (já descartadas) de Margaret Murray que afirmavam que por toda a Europa existira antes do cristianismo um culto unificado e centralizado na figura de uma Deusa da Natureza e de seu complemento masculino;


4. a ênfase nos aspectos mágicos desse suposto "culto à fertilidade", envolvendo diversos elementos de magia sexual - simbólica ou não - possivelmente herança do contato entre Gardner e Aleister Crowley.


5. A parte ritualística da wicca também tem grande influência da maçonaria e da magia cerimonial.



Desses elementos, tiramos a base das crenças Wiccanas:


1. a herediariedade e o peso da iniciação;


2. a Roda do Ano;


3. o mito de uma Deusa Única e seu Consorte;


4. o Grande Rito e os festivais de fertilidade;


5. o círculo ritual, o formalismo, os instrumentos mágicos e as graduações.


Crenças e práticas do Druidismo:Ainda que alguns grupos e ordens druídicos afirmem possuir uma herança direta dos druidas celtas de 2.000 anos atrás, o fato é que o druidismo atual é também ele uma mescla de diversos elementos:
1. as crenças originais celtas (600 a.c. - 500 d.c.) resgatadas através dos estudos dos sécs. XIX e XX;


2. as influências do cristianismo celta que se desenvolve nas ilhas da Grã-Bretanha e da Irlanda antes da imposição do cristianismo de Roma (500 d.c. - 1000 d.c.);


3. as crenças pagãs dos normandos após a invasão das ilhas pelos vikings (800 d.c. - 1000 d.c.);


4. o cristianismo místico e a maçonaria que moldam o Renascimento Druídico do séc. XVIII;


5. o ocultismo do final do séc. XIX;


6. o Reconstrucionismo Celta do final do séc. XX;


Nesse aspecto, o que une a wicca e o druidismo? A ligação com a natureza; a visão dessa natureza como sagrada e como fonte de tudo; a percepção de que as energias da Natureza estão por trás de todos os processos da vida; o uso de círculos como espaço sagrado; o trabalho com os 4 Elementos como base mágica.


Nesse aspecto, o que diferencia wicca e druidismo? A principal diferença é: o druidismo enfatiza a importância da historicidade e da relevância de suas crenças e práticas para os dias modernos, enquanto a wicca não atribui a mesma importância às origens históricas, preferindo enfatizar as origens "místicas".


Além disso, enquanto a wicca tem como palavra-chave a "Vontade" (um princípio comum também a Thelema de Crowley), o druidismo tem como pedra de toque a "Inspiração". Essa diferença é responsável pelo abismo que separa as práticas mágicas dos dois caminhos, pois determina o modo como o praticante de um e de outro se relaciona com os elementos, a Natureza, as forças, as Deidades, etc. Enquanto o wiccano por princípio tenta "controlar" e "dominar" os elementos, o druida tenta "compreender" e inspirar-se" pelos processos da Natureza.


Isto posto, podemos dizer que, apesar da origem comum, a wicca e o druidismo possuem naturezas bastante diferentes em suas crenças, práticas e abordagens, mas isso é uma simplificação, uma padronização de raciocínio que não corresponde ao todo das duas tradições. Atualmente, mais e mais druidas recorrem a práticas mágicas mais "wiccanas", ao mesmo tempo em que wiccanos buscam aprimorar os aspectos filosóficos da wicca através dos ensinamentos "druídicos".


É aqui que temos o ponto de convergência entre um caminho e o outro: não restam dúvidas que existe uma tendência de ambos se aproximarem, não só pelos pontos em comum, mas também porque as diferneças entre um e outro complementam, sim, aspectos carentes e/ou diferentes um do outro. Isto não implica necessariamente na perda da identidade de um ou de outro - desde que haja seriedade e responsabilidade nesse processo.


Sabe-se que, atualmente, mais do que nunca, há um diálogo muito saudável entre alguns dos principais grupos druídicos e wiccanos na Inglaterra. Respeitando-se a identidade e as diferenças, podemos enfatizar os pontos em comum e agir em conjunto - e este é o segredo de um bom casamento, de uma boa sociedade, de uma boa amizade! Afinal, uma vez que ambos são caminhos neo-pagãos, ou seja, tanto a wicca quanto o druidismo buscam a reinserção do ser humano num contexto de totalidade com o mundo em que vivemos, nada mais justo que ambos unirem-se em torno dos pontos em comum. Já participei de diversos eventos "ecumênicos" (prefiro o termo supra-religiosos) e digo que, se é possível que beneditinos, umbandistas, zen-budistas, shintoístas, espíritas e neo-pagãos possam dialogar e trabalhar em conjunto, então por que a wicca e o druidismo não poderiam?


Claudio Quintino (Crow)



Resumo:De semelhança podemos citar o uso do círculo mágico, o resgate das tradições celtas, a sacralidade da Natureza, a celebração da roda do ano e o fato de ambas as tradições serem pagãs e animistas, isto é, acreditam que tudo têm alma, humanos, animais, plantas, colinas, rios, etc.
De diferenças: a wicca é duoteísta, tem a deusa e o deus como principaisdivindades, embora cada tradição dê um nome diferente a eles. O druidismo é politeísta, trabalha com o panteão celta principalmente (mas não exclusivamente). A wicca trabalha mais com magia cerimonial, o druidismo com magia natural e inspiração (a awen, "espírito que flui", a inspiração que flui entre os seres). O druidismo era a religião dos celtas pré-cristãos e agora está adaptado para os dias de hoje. A wicca é uma religião nova, da década de 1950.












As Oito Cerimônias Anuais Druídicas


No coração da prática espiritual druídica reside a celebração de 8 momentos especiais do ano (datas sagradas): os Soltícios e Equinócios e os Quatro Festivais Celtas.
Diferentemente de outras práticas pagãs, o Druidismo carrega em seus ritos algumas idéias e sentimentos específicos. É importante então entendermos os valores e propostas que preenchem as seguintes funções, quando o rito é realizado com boa intenção :


1. Ajuda a mudar o nível de consciência e cria uma condição particular onde podemos encontrar fonte de sabedoria e força.


2. Ajuda-nos a ficarmos conscientes de nossa natureza sagrada no tempo e espaço em que vivemos, nos dando a oportunidade de adquirirmos conhecimentos e celebrarmos plenamente cada momento de nossas vidas e do mundo que nos cerca.


3. Cria um tempo e espaço que se torna 'especial', de onde podemos irradiar forças que beneficiam a nós e aos outros, como por exemplo energias de cura.


4. A ritualística cria uma nova maneira de nos expressarmos profundamente entre nós mesmos e entre outras realidades, seres e forças. Isso pode acontecer se praticarmos os ritos em grupos, sozinhos ou mesmo com amigos praticando ao redor do mundo, criando uma interconectividade. Durante um ritual, nosso espaço sagrado torna-se um microcosmo do Universo.


As vezes nós dizemos a nós mesmos que não temos tempo para rituais, mesmo que alguns rituais druídicos possam durar no máximo uma hora, incluindo a preparação. Se você não se sente à vontade para praticar rituais, tente somente uma visualização, que muitas vezes pode ser mais efetiva do que o trabalho fisico.


Talvez alguns de nós já tenhamos experienciado rituais - talvez através da pratica da Wicca ou outros caminhos. Nos rituais druídicos você encontrará muitas similaridades, e também diferenças, então talvez a melhor maneira de se aproximar dos rituais druídicos seja com uma mente de 'Iniciante'.


Cada componente do cerimonial druídico tem uma proposta e um significado (veja neste site em "Passo a Passo do Ritual Druídico). Ou seja, sempre tem um início, meio e fim: a abertura, o rito e o fechamento. A abertura e encerramento dos ritos serão sempre os mesmos. O rito é pertinente a cada festival em particular.


Quando relizar um rito, tenha em mente que criatividade e bem-estar são de grande importância neste momento. Portanto, adaptações podem e DEVEM ser feitas. Por exemplo, um script de ritual em local aberto pode facilmente ser modificado para ser realizado dentro de casa (afinal ninguém vai querer acender uma fogueira no meio da sala de casa, uma vela basta).


Crianças e pessoas de outras crenças são perfeitamente bem-vindas nos ritos abertos. Apenas os pais que optarem por levar as crianças devem estar cientes de que deverão cuidar delas e isso pode significar que não conseguirão se concentrar no rito de forma profunda. Já quem é de outra religião, certamente encontrará na cerimônia druídica mais semelhanças do que discrepâncias em relação às cerimônias de sua religião. Isso porque o rito druídico é, antes de tudo, uma celebração à vida e à inspiração, elementos que podem ser encontrados em praticamente todas sas cerimônias religiosas.




Os oito festivais:


Os quatro Albans (Solstícios e Equinócios) marcam eventos astronômicos, então é magicalmente importante que você realize a cerimônia o mais próximo possível do exato momento. Porém, muitos grupos realizam o rito no dia conveniente mais próximo da data, principalmente se a intenção não é mágica, mas apenas de celebração.


Os quatro Festivais do Fogo (que estão a meio caminho entre os Solstícios e Equinócios), referem-se às festividades celtas, relacionadas à uma ou mais deidades e também a um momento particular do ano relacionado à estação e ao calendário agricultural celta. O momento a se realizar esses ritos é muito mais `solto' e o mesmo pode ser celebrado várias vezes. Algumas pessoas costumam realizar uma cerimônia solitária no dia exato e em outra dia dividir uma cerimônia com seu Grove/Nemeton (grupo druídico) ou Grupo Semente (grupo de estudos druídicos). Alguns celebram ritos fechados entre os sacerdotes do Grove e depois ritos abertos com o Grupo Semente e convidados.


Os nomes dos Albans vêm do Irlandês, onde Alban significa `Luz de'. Então temos: Alban Arthan - Luz do Urso (inverno); Alban Eilir - Luz da Regeneração/Primavera; Alban Hefin - Luz do Verão; Alban Elfed - Luz do Outono.


Os nomes dos Festivais do Fogo vêm do gaélico e sua grafia pode variar: Oilmec ou Imbolc; Beltane ou Belteinne; Samhain ou Samhuinn e Lughnasadh.



Como o Druidismo agora é praticado no mundo todo, é recomendado que as cerimônias sejam adaptadas para sua localidade e Hemisfério. Lembre-se que os festivais são também eventos artísticos e sociais. Aproveite a oportunidade para criar uma atmosfera que contenha música, poesia e dança.


(adaptado do livro "The Book of Druidry - Ross Nichols", tradução de Aline Martins)


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